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A Parábola das Dez Virgens

Prof. Leonardo Andrade

A herança hermenêutica que recebemos é um tanto desastrosa quando se trata de alguns assuntos e um deles é a parábola das dez virgens. Ocorre em nosso meio muito “malabarismo hermenêutico” para interpretar esta parábola associando-a ao arrebatamento. Ao grosso modo de ver percebe-se que esta parábola não tem nada a ver com arrebatamento. Aliás, é um erro gritante afirmar tal coisa, isso porque, o texto não faz menção a “noiva”, ou seja, figura de linguagem usada para identificar a igreja. As virgens no texto é uma clara referência a nação de Israel (Jr 18.13, Jr 31.4, 13, 21; Lm 1.15, 2.13; Am 5.2).

Nos tempos Bíblicos as virgens eram reconhecidas como as “damas de honra”. Estas moças, por sua vez eram encarregadas de acompanhar a celebração do matrimônio nos tempos Bíblicos. É clara as evidências de que as virgens eram bem distintas das esposas/noivas em tais celebrações (cf. Sl 45.9). Alguns intérpretes afirmam que esta parábola pode ser interpretada de três formas, mas, particularmente não compactuo com essa ideia. A razão do “choque” de ideias é que isso pode levar a qualquer seita a credibilidade em suas pontuações, coisa que não podemos concordar, isso porque o maior erra de uma seita é a sua interpretação errônea do texto Sagrado.

A chave para o desmembramento desta falácia é o v.5, que nos chama a atenção para o estado de dormência de todas as virgens e isso inclui não só as loucas, mas também as prudentes. Como é costume de alguns citarem que as virgens loucas se tratam da “igreja infiel” e as virgens prudentes a “igreja fiel”. Quando se deparamos com o v.5 podemos observar que ao dizer isto, estamos afirmando que a igreja fiel está “dormindo”. Isto, sem dúvidas é uma heresia, o diagnóstico menos pessimista é de que se trata de um erro crasso.

Provavelmente a construção deste erro exegético tenha início nas falsas colocações tipológicas aplicadas a figura empregada do “azeite”. Em todas as literaturas que podemos encontrar, ao qual aborda o assunto tipologia, todas são unânimes em dizer que azeite é tipologia do Espírito Santo, ou algo inteiramente ligado a ele. Pois bem, essa abordagem não demonstra clareza textual, na verdade, é um tanto “fantasmagórico” fazer esse tipo de alegação. Além disso, podemos observar a má interpretação do relato das “lâmpadas”.

A razão deste desvio hermenêutico é a recusa do pensamento dos reformadores quando dizem que “a bíblia interpreta a própria Bíblia”. O Salmista desvenda de forma suscinta quem são as “lâmpadas”, ou seja, “[…] lâmpadas para os meus pés […] é a tua palavra” (Sl 119.105). Com a base definida, de que Israel é identificado como as virgens, então, podemos dizer que as lâmpadas se trata da Palavra, ou seja, Israel sempre teve palavra. Aliás, eles se acham detentores, que são deles o monopólio das Escrituras (Jo 5.39).

Já que eles têm a Palavra porque não conseguem ter a iluminação? A resposta é simples, eles estão dormindo (v.5). Esse sono é profético, o profeta Isaías já havia declarado isso (Is 29.10). É por este motivo que os israelitas ao se debruçarem sobre as escrituras não são “iluminados”, porque lhes faltam o azeite. E sem o azeite, as Escrituras perdem a sua finalidade, tornando-se um livro qualquer.

Esse azeite é o próprio Messias, no caso, o Senhor Jesus, como eu posso chegar nesta interpretação? No Antigo Testamento o Jesus é reconhecido como sendo o Messias judeu. O nome Messias significa “o ungido”, em uma tradução hiperliteral seria “o azeite”. Já nos escritos Neotestamentários Jesus é identificado como sendo o Cristo. O termo Cristo é de origem grega que significa lit. “o ungido”. Quando analisamos a referência da agonia de Jesus no Getsêmani elucidamos ainda mais o ponto que queremos chegar (cf. Mc 14.1-42).

O termo Getsêmani  significa “lugar da prensa do óleo”, justamente onde foi extraído o produto da oliveira, onde Jesus foi amassado, prensado e moído.  Grande parte dos intérpretes da Bíblia chegam ao consenso de que o “azeite” que estava sendo prensado era o próprio Jesus.

Portanto, podemos chegar à conclusão de que as lâmpadas tratam se da Palavra de Deus, porém, sem azeite, ou seja, sem Jesus, o nosso Cristo. Mas, entendemos que logo após o período do sono judeu, uma parte irá “acordar”, e conseguirão azeite, isto, por que eles sempre tiveram (armazenar), mas estavam em um sono espiritual. Em tempos do fim, Deus levantará alguns judeus que se converterão a Cristo e anunciarão o Evangelho a toda humanidade no período da Tribulação. O renomado escritor pentecostal Elienai Cabral afirma que existe pelo menos três forma de interpretar essa parábola, e a primera desta interpretação ele afirma que o texto faz menção aos 144 mil (CABRAL, Elienai, Parábolas de Jesus: Advertência para os dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p. 141). Deste modo, podemos identificar as dez virgens do texto como sendo uma referência clara aos 144 mil (Apocalipse 7 e 14).

Leonardo Andrade escritor Teólogo, Filósofo e Historiador. Pós graduado em Ensino Religioso, Ética e Filosofia e História e Cultura Afro-Brasileira. Especialista em línguas semíticas e cultura, Costumes e tradições da Bíblia

 

 

Comentários

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4 pensamentos “A Parábola das Dez Virgens”

  1. Baruch HaShem, Bandido seja Deus pela sua vida meu nobre Professor Leonardo, profundo, muito Bom Aprender mais com suas exposições da palavra do Eterno! Um forte abraço!!!🕎🛐

  2. muito obrigado professor Leonardo por compartilhar este conhecimento que Deus te concedeu.

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