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O universo de abelhas-sem-ferrão ao alcance de crianças e jovens

Projeto da Secretaria da Agricultura é desenvolvido em Santa Maria

“Oi, menininha”, “tá com vergonha” diziam os alunos da Escola Municipal de Educação Infantil Boca do Monte ao conhecerem as abelhas-sem-ferrão do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Florestal (Ceflor) do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária em Santa Maria. “Um dia uma abelha foi no sabonete de maracujá que a gente fez na aula” disse um, “a abelha tem uma língua bem grande”, comentou outro. Cada um tinha uma história para contar e vibravam ao conhecer os insetos, uma das atividades do projeto “Abelhas nativas não fazem mal, fazem mel e muito mais”, desenvolvido pelo DDPA da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). A ideia é aproximar crianças e jovens do mundo dos meliponíneos (abelhas nativas ou sem ferrão). O projeto tem caráter permanente, e as visitas podem ser agendadas pelo e-mail [email protected].

O projeto tem parceria com a Fundação Antônio Meneghetti, de São João do Polêsine, e conta ainda com a participação de pesquisadores do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Agronômica (Ceagro) de Porto Alegre. Conforme a coordenadora, bióloga Rosana Matos de Morais, a finalidade é proporcionar a estudantes de escolas de educação infantil, ensinos fundamental e médio e até universidades, públicas e privadas, conhecerem mais sobre a preservação ambiental. “E enfatizar a importância das abelhas como polinizadoras, principalmente das espécies agrícolas. Toda a questão da sustentabilidade e da segurança alimentar, além da importância em se preservar as árvores, onde elas fazem os ninhos”.

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Alunos oferecem flores para as abelhas. Foto: Fernando Dias/Seapi

Rosana explicou que os alunos fazem uma visita técnica ao meliponário, onde eles visualizam como vivem os insetos de quatro espécies: Mirim (Plebeia emerina), Mirim (Plebeia nigriceps), Jataí (Tetragonisca angustula) e Tubuna (Scaptotrigona bipunctata). “Eles observam as colônias nas caixinhas, além de realizarem uma trilha de 500 metros no bosque para verem os ninhos naturais. As crianças e os jovens veem o quanto dependentes as abelhas são das florestas, e então trabalhamos a questão da preservação”.

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Abelhas-sem-ferrão medem até um centímetro. Foto: Fernando Dias/Seapi

O projeto também prevê como ferramenta de trabalho-ação a elaboração de materiais didáticos, em formato de um livro e um vídeo, direcionados a estudantes da educação infantil e do ensino fundamental, sobre a temática das abelhas nativas do Rio Grande do Sul. “O livro deve ficar pronto até o final do ano, e a ideia é levar exemplares impressos para as escolas da região e convidá-las a visitarem o Centro”, enfatizou a bióloga.

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O técnico agrícola Fernando mostra as caixas com as colmeias. Foto: Fernando Dias/Seapi

No Ceflor, o técnico agrícola Fernando Magnago coloca as iscas para atrair as abelhas e faz as transferências para as caixas do meliponário. Ele também sabe onde estão os cerca de 50 ninhos nativos, que ficam nas árvores em uma área de mais de 30 hectares. “Alguns podem chegar a mil indivíduos”, explicou. “Eles medem milímetros. Os maiores podem chegar a um centímetro, como os da espécie Jataí. É 10% do tamanho de uma abelha com ferrão”.

A pedagoga e professora da EMEI (que é a única rural do município), Jucilene Hundertmarck, esclareceu que as crianças de 2 a 4 anos, da turma do Maternal, trabalham na escola durante o ano o projeto “Jardim de Mel”, nome escolhido por elas. “A gente trabalha com o que as crianças têm mais interesse. Elas produziram um sabonete esfoliante com sementes do maracujá, cujo cheiro atrai as abelhas, além de realizarem outras atividades com esse tema. O objetivo é aproximá-las da natureza”.

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Professora Jucilene auxilia os alunos a plantarem mudas de flores. Foto: Fernando Dias/Seapi

Ela destacou a importância do projeto do Ceflor. “Através dele podemos enfatizar a conscientização ambiental, o cuidado com os animais, com a natureza”, disse Jucilene. As crianças plantam flores em um canteiro no final da atividade, além de pintarem os bancos do espaço do meliponário. “Só a importância de incentivar uma criança a plantar uma flor, uma árvore, já vale a pena. Elas aprenderam que tem lugares onde não há flores, e as abelhas estão entrando em extinção. Isso mexeu muito com elas, ficaram impactadas”.

Joaquim Fagah, de 4 anos, estava muito animado com os insetos e contou que assistiram a um vídeo na escola sobre o tema. “As abelhas pegam o néctar das flores e fazem o mel”, disse alegre. “Eu não tenho medo dos animais”, completou. Depois de participar do plantio de mudas de flores, ele celebrou: “elas vão ficar muito felizes que plantamos”.

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Interior de uma colmeia. Foto: Fernando Dias/Seapi

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